Rito Ancestral Corpo Contemporâneo – Cadernos de Viagem - Grupo Totem

Rito Ancestral Corpo Contemporâneo – Cadernos de Viagem

Após vivenciarmos, nos dia 15 e 16 de agosto, o ritual O Menino do Rancho, realizado pelo povo Pankararu, ao retornar, elencamos o que da vivência poderia servir de material para a pesquisa Rito Ancestral Corpo Contemporâneo, contemplada pelo Funcultura.


Neste ritual, que durou a noite de um sábado e o dia do domingo, presenciamos a imponência dos praiás - homens com roupas específicas de palha que representam os encantados deste povo – cerca de 60 deles, em contínua dança; realizando a abertura dos terreiros, circulando ininterruptamente; junto ao público presente, foram visitados três terreiros onde era preciso buscar uma pessoa que faria parte do ritual, isto é, as que simbolizariam a noiva e duas madrinhas. Em cada terreiro visitado pelos praiás, eles dançavam em círculo, sua pisada particular, e ao final da visita uma das mulheres era agregada ao corpo dos participantes do ritual – estas eram as únicas mulheres que participavam ativamente na dança junto aos praiás, ainda que em momentos específicos; o último momento de cada dança nos terreiros era o momento do toré, onde todos, demais mulheres e visitantes poderiam dançar, sempre em dupla; no terreiro maior, já com todos os participantes, com o menino sendo carregado à frente, a dança seguia em círculo e, aos poucos, os padrinhos – demais homens do povo, destinados a proteger o menino de ser pego pelos praiás – estavam em grande número e tinham os corpos pintados, demonstravam, no centro do círculo, um jogo com uma ‘vara’ entre um deles e um praiá, onde a intenção era conseguir derrubar o outro;  os toantes – músicas – eram entoados por um cantor, sempre acompanhado pelas maracas dos praiás e das vozes deles que se somavam em determinados momentos; o alimento cuidadosamente preparado por algumas mulheres do povo fora servido à todos os presentes em tigelas de barro, a serem comidas com as mãos; já próximo ao fim do dia, a dança deu espaço à corrida dos praiás para pegar o menino, objetivo do ritual, e da luta dos padrinhos para impedir. Foram três corridas avassaladoras, em que todo o círculo era desfeito, todos se espalhavam e o menino era carregado para longe e praiás eram derrubados, num corpo a corpo com os padrinhos; por fim o menino não foi pego por nenhum praiá, a proteção serviu para que ele permanecesse como responsabilidade do dono daquele terreiro – mestre menininho - caso fosse pego, seria de responsabilidade também do encantado que o resgatasse; já à noite, os praiás seguiram a dança, fechando o terreiro e encerrando aquele ritual fascinante.


Todo o grupo ficou impregnado da poeira levantada durante todo o dia por aquela dança realizada impressionantemente por horas. Para além disso, estávamos intrigados pelo peso das roupas, o corpo em dança constante, as mãos concentradas em manter as maracas soando, a disposição para correrem após tanto tempo circulando, a beleza das figuras dos encantados presentes, o desenho realizado pelos praiás dentro do terreiro, a energia gerada, a satisfação de poder dançar com um praiá durante o toré, a curiosidade sobre o poró – espaço secreto somente frequentado por homens do povo, onde os praiás iam se recompor se revezando – a fantástica impressão de suspensão dos corpos dos praiás enquanto giravam e levantavam a poeira, principalmente à noite, entre tantas outra sensações indescritíveis.

Ao retornar, extasiados pela experiência, identificamos fatores que pudéssemos experienciar internamente. Assim sentimos a necessidade de reconhecermos nossos animais de poder, sendo estes os nossos ‘encantados’, a fim de criarmos um elo com estes. Esse foi um ponto de partida, diante da imensidão vivenciada. Outro estímulo fora a busca pela ‘alma coletiva‘ do grupo, termo que tivemos contato durante a leitura do texto ‘teatro e ritual’, que fora identificado claramente enquanto estivemos com o povo Pankararu, o real envolvimento do coletivo naquele momento. Vislumbrando as experimentações vocais que teríamos a partir do mês de setembro, a sonoridade vocal individual e em coletivo começaram a ser alimentadas. Também percebemos o jogo do praiá com a ‘vara’, sua pisada e o toré como possibilidades de aquecimento do corpo para outras atividades. Gostaríamos de desenvolver deslizamentos do corpo, descobrir possibilidades de impressão de suspensão, explorar onde o figurino poderia influenciar nisso entre outras experimentações. Os desenhos no chão do terreiro, abrir e fechar o círculo, o infinito, o espiral, a expansão a contração, como explorar, desdobrar, aprofundar. Não podíamos deixar de experimentar a fuga e a proteção, momento de grande agitação durante o menino do rancho. Tudo ainda inicial, prematuro, um vir a ser,  um processo, sementes do que seriam essas contribuições para a linguagem desenvolvida pelo grupo, o fortalecimento da ritualização, e do que ainda não podemos conceber.



Realizamos também alguns paralelos do texto ‘Performance e Antropologia’ de Richard Schechner, com o ritual vivido. Nele é dito que rituais são memórias codificadas em ações, uma forma das pessoas lembrarem. Durante o Menino do Rancho, sentimos o quanto o ritual funciona como um real ato de resistência cultural, as crianças vivenciam a memória de seus antepassados, sendo iniciados nos mistérios do povo, ações que contribuem para a compreensão de sua cultura, dos encantados, uma forma de alimentar o desejo dos pequenos de serem praiás no futuro, uma forma de lembrar e fazer permanecer. O texto também apresenta distinção entre rituais sagrados – aqueles ligados às crenças religiosas: cantos, orações, comunicações, invocações – e os rituais seculares – relacionados às cerimônias de estado, cotidiano, que não tem caráter religioso. O ritual Menino do Rancho é claramente um ritual sagrado, onde toda relação com os encantados a proteção deles a crianças às pessoas do povo, não deixando também de ser um ritual secular, socialmente necessário, uma renovação da responsabilidade que o dono do terreiro tem com o menino do rancho em questão. Schechner  também cita o termo ‘communitas’, criado por Turner para definir o sentimento de solidariedade de grupo presente no ritual, algo que o grupo pôde sentir de perto, toda a estruturação coletiva para a realização do ritual, desde o preparo da comida, ao figurino do menino, a presença dos visitantes, a comunhão no fumo, no toré e etc.



Dessa nossa experiência fica o sentimento de gratidão ao povo Pankararu, por toda recepção e acolhimento que tivemos, tão sincera e íntima, presentes que tocaram nossos corpos e corações, nos aproximando de nossas raízes, nos mostrando o ‘ponto’ onde se encontram o ritual, o teatro, a dança, a performance e a espiritualidade. Nos mostrando e nos fazendo trazer para a arte contemporânea a fonte como objetivo, através da liminaridade, a certeza da performance como ritual contemporâneo.



Rito Ancestral Corpo Contemporâneo - Grupo Totem

Grupo Totem Apresenta Pesquisa “Rito Ancestral Corpo Contemporâneo” Na Várzea

Demostração de Trabalho  da pesquisa Rito Ancestral Corpo Contemporâneo - Totem 
Imerso na pesquisa Rito Ancestral Corpo Contemporâneo, desde de junho de 2015, o Grupo Totem realiza a primeira demonstração pública do projeto na próxima segunda-feira (30), às 16h30. A apresentação acontece na Escola Municipal de Arte João Pernambuco, bairro da Várzea, dentro da 16ª Mostra de Artes Cênicas À Porta Aberta. O projeto conta com incentivo do Funcultura.

Como um verdadeiro work in progress, a pesquisa resgata a ancestralidade e a importância do ritual para a contemporaneidade. Desde que surgiu na cena recifense, há 27 anos, o Totem busca quebrar as fronteiras entre as linguagens e passeia fluidamente pelo teatro, pela dança e pela performance, construindo uma poética híbrida. Nesse projeto, tem desenvolvido encontros com a alma, o corpo e a voz de povos indígenas pernambucanos.

Pesquisa Rito Ancestral Corpo Contemporâneo - Totem e Povo Pankararu
foto Fernando Figueiroa
Processo
Em agosto desse ano, o grupo visitou o Povo Pankararu, no município de Tacaratu. O primeiro ritual vivenciado com os indígenas foi o Menino do Rancho. Através dessa residência, foi possível perceber o corpo em ritual. Em um ato único encontram-se a dança, a performance, o teatro, o ritual, em gestos, postura, olhar e canto, uma poética ritual em total consonância com a tradição indígena.

Pesquisa Rito Ancestral Corpo Contemporâneo -
processo - foto Fernando Figueiroa
Com essa imersão, o grupo volta às raízes do teatro, que se conecta com o ritual, segundo o pensamento de Antonin Artaud. “Acreditamos na transformação do humano através da arte e do teatro. No Totem, há uma experiência sensitiva e subjetiva, trabalhamos muito com os simbolismos”, conta Taína Veríssimo.
Depois da visita ao Povo Pankararu, o grupo tem feito estudos de performance e antropologia, a partir de autores como Richard Schechner e Cassiano Sydow Quilici, e laboratórios vivenciais, nos quais cada membro buscou símbolos a partir das indumentárias pertencentes ao ritual destes índios. Cada um buscou o seu animal sagrado de poder e construiu a sua ‘cinta sagrada’, descobertos a partir de laboratórios ritualísticos, que contaram com técnicas de relaxamento, respiração, interação com os sentidos, experiências corporais com os elementos da natureza (água, terra, ar e água) e pintura corporal.
Tendo o teatro de Antonin Artaud, espécie de guia espiritual, e nesta pesquisa, a performer americana Meredith Monk, entre as principais referências, o Totem também tem realizado um potente trabalho de corpo e voz com o bailarino e performer Conrado Falbo.
Pesquisa - Rito Ancestral Corpo Contemporâneo - Processo 
foto Fernando Figueiroa
Projeto
A pesquisa”Rito Ancestral Corpo Contemporâneo”, com incentivo do Funcultura, segue até 2016. Para vivenciar novas experiências ritualísticas, o Grupo Totem deve visitar mais dois povos indígenas pernambucanos onde farão intercâmbios culturais, que perpassam por trocas rituais, performáticas e espirituais. Ao final, haverá uma apresentação fruto de toda a investigação corporal-expressiva-ritual.



Serviço
1ª Demonstração da pesquisa Rito Ancestral Corpo Contemporâneo
Quando: segunda-feira (30/11), às 16h30
Onde: Escola Municipal de Arte João Pernambuco (R. Barão de Muribeca, 116 – Várzea, Recife – PE)
Entrada livre


O Tempo Está em Outro Lugar - Grupo Totem

Totem em performance

O Tempo Está em Outro Lugar 

Agenda: 
  • 30 de novembro na 16ª Mostra de Artes Cênicas A Porta Aberta - 2015.2 EMAJPE
  • 16 de dezembro na 1ª Mostra de Artes e Cultura do IFPE - Campus Recife



O Tempo Está em Outro Lugar foi concebida como uma performance-intervenção urbana, fez sua estreia na Estação de Metrô Cajueiro Seco como parte da programação da Aldeia Yapotan do SESC Piedade. Também já passou pelo evento MIMOdifique no Centro de Cultura Luiz Freire. A performance-intervenção O Tempo Está em Outro Lugar pretende instaurar um outro estado de tempo nos locais onde é apresentada, pois se instaura um ritual, um momento de suspensão do cotidiano, rompendo com a estrutura na qual estamos mergulhados. 

O Tempo Está em Outro Lugar - Tatiana Pedrosa - Foto Fernando Figueiroa
O Tempo Está em Outro Lugar - Lau Veríssimo em performance - foto Fernando Figueiroa
Com esse trabalho o Totem propõe ao público transpor o tempo da física, que só serve para questões práticas, como chegar atrasado e medir velocidade do tempo, para outras dimensões do tempo, como o tempo interno, o tempo distendido, ampliado.


Rama On - foto Fernando Figueiroa
O Tempo Está em Outro Lugar - Taína Veríssimo - Juliana Nardin - foto Fernando Figueiroa
 Uma grande mandala de terra é instalada no espaço, as atrizes-performers se posicionam em diferentes pontos distanciados, nos quais desenvolvem uma gestualidade simbólica, ao chegarem ao ponto de convergência, passam a executar movimentos de expansão, do centro para fora, deslocando-se em direção a um epicentro; no qual se encontrarão e do qual partirão em expansão gestual ininterrupta, envolvendo o ambiente numa ampla pulsação. O som do didjeridoo de Rama On, que executa a trilha sonora ao vivo, ajuda a instaurar a atmosfera metafísica da performance, Fred Nascimento assina a direção, participam as atrizes-performers Lau Veríssimo, Juliana Nardin, Taína Veríssimo e Tatiana Pedrosa. 

Dia 30 de novembro às 16h30 - 16ª MOSTRA DE ARTES CÊNICAS A PORTA ABERTA - VOL 2

Escola Municipal de Arte João Pernambuco
Av. Barão de Muribeca, 116 – Várzea Recife/PE


Dia 16 de dezembro às 15h I MOSTRA DE ARTES E CULTURA 
INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO (CAMPUS RECIFE)
Av. Prof. Luís Freire, 500 - Cidade Universitária, Recife - PE


Rito Ancestral Corpo Contemporâneo - Grupo Totem - Povo Pankararu

Pesquisa Rito Ancestral Corpo Contemporâneo
Residência com o Povo Pankararu - Aldeia Agreste - Tacaratu/PE
O nosso Totem Animal / Animal de Poder

Dando prosseguimento à pesquisa “Rito Ancestral Corpo Contemporâneo”, contemplada pelo Funcultura, o Grupo Totem realizou sua primeira experiência de campo, visitou o povo Pankararu, especificamente na Aldeia Agreste, localizada em Tacaratu, sertão de Pernambuco, no mês de Agosto/2015. O Totem voltou inundado pela experiência vivida no ritual “Menino do Rancho”, uma ‘festa’ que é também um rito de passagem no qual os mais jovens são introduzidos nos segredos dos Pankararu. 

A nossa pesquisa tem como foco o corpo e a voz de um rito ancestral num corpo contemporâneo, e, lá estávamos nós diante imersos no universo do rito, corpo e voz dos Encantados/Praiás, entidades sagradas que habitam na natureza, entendidas como ancestrais dos Pankararu, ou seja, passaram para o plano espiritual, porém sem passarem pela experiência da morte, da maneira que a concebemos, portanto estão vivos no plano terrestre, habitando nas matas,  na natureza e nas águas.





Constatamos que cada encantado tinha sua própria Cint
Cada Encantado/Praiá exibia em sua indumentária ritual aquilo que chamam de Cinta, um signo de tecido colorido, alguns estampados outros de tecidos lisos bordados com símbolos religiosos.a, com cores e símbolos diferentes. Ao perguntar para os Pankararu sobre o seu significado, eles nos responderam que a Cinta é um elemento de ligação do Praiá com um encantado, seu guia espiritual.


 Na sequência, demos prosseguimento ao trabalhos e pesquisas aliando a experiência vivenciada com o Povo Pankararu com a busca do nosso totem animal e da nossa ‘cinta sagrada’ a partir de vivências rituais para encontrar o totem animal dos membros do grupo. Totem significa marca da família, são objetos sagrados, vistos como talismã, objetos de veneração e de culto entre os grupos. “Totem significa o símbolo sagrado adotado como emblema por tribos ou clãs por considerarem como seus ancestrais e protetores. O totem costuma ser um poste ou coluna e pode ser representado por um animal, uma planta ou outro objeto”.


A Cinta/Totem será representada pelo animal de poder de cada participante, para isso foi necessário desenvolver a conexão com esses animais através das técnicas de relaxamento, respiração, interação com os sentidos, experiências corporais com os elementos da natureza (água, terra, ar e água) e pintura corporal.      

         
         Todos os integrantes passaram pela experiência de encontro com seu animal de poder, a cada encontro uma dupla foi vivenciando seu ritual, que era desenvolvido e conduzido pelos demais participantes do Grupo Totem. Ao som do tambor nos integramos aos nossos animais através de experimentações sensoriais, impulsos corporais, conexões espirituais e dança.



          “A dança é uma prática regular em diversos rituais xamânicos. Através da dança nós criamos um equilíbrio e harmonia entre aqueles que estão dançando. No nosso caso, trata-se da forma pela qual um grupo, através da dança entram em contato com seus animais, pois ela permite que o dançarino ou dançarinos transitem de um estado de consciência para o outro, propiciando a entrada no estado xamânico de consciência”.

Essa foi uma jornada muito importante para a pesquisa Rito Ancestral Corpo Contemporâneo, ao descobrir nossos animais sagrados/cintas, entramos em contato com o nosso corpo ritual, com a  musicalidade e ritmo do toré, nos aproximaremos da ligação que temos com a natureza e com a cinta espiritual do povo Pankararu.

Animais Encontrados: Baleia, Águia, Abelha, Papagaio, Lagarto, Morcego e Falcão.


Fotos de Fernando Figueiroa

ÁRTESE, Léo. O Espírito Animal- São Paulo: Roca, 2001.






Performance e Antropologia

Totem, sobre julho de 2015.

Dando continuidade ao Projeto de Pesquisa “Rito Ancestral – Corpo Contemporâneo”, aprovado pelo Funcultura, durante o mês de julho estudamos o livro “Performance e Antropologia de Richard Schechner”, com organização de Zeca Ligiéro. O estudo deste livro nos levou a revisitar temas estudados durante a pesquisa “A Performance do Humano: da Pedra ao Caos” realizada em 2012. Como os conceitos de performance sob o olhar do antropólogo Victor Turner, agora aliado as ideias de Schechner.

Zeca Ligiéro no texto “Encontrando Richard Schechner”, comenta sobre o conceito de performance segundo Schener:

“(...) Performance é étnica e intercultural, histórica e atemporal, estética e ritual, sociológica e política. Performance é um modo de comportamento, um tipo de abordagem à experiência humana(...)” ( Schechner e McNamara, 1982).

Ele nos fala, também sobre as duas abordagens elaboradas por  Schechner para os estudos da performance: “o leque e a rede”. Zeca Ligiéro esclarece que no ‘leque’

“Performance é um termo inclusivo. Teatro é  somente um ponto num continuum que  vai desde as ritualizações dos animais (incluindo humanos) às performances na vida cotidiana - (…) - e às apresentações espetaculares”.  (SCHECHNER)

Já a ‘rede’ seria o mesmo sistema, só que mais dinâmico, onde cada ponto interage com outros. Ela não é uniforme.

“Performances são usualmente subjuntivas, liminares, perigosas, elas são, com frequência, duplamente cercadas por convenções e molduras: meios de fazerem os, lugares, os participantes e os eventos de alguma maneira  seguros. Nesses limites do fazer-crer, relativamente seguros, as ações podem ser levadas ao extremo, mesmo por prazer.”(SCHECHNER)

No capitulo Ritual ele nos fala de ritual, jogo e performance.
Que o ritual pode ser sagrado ou secular que estão muitas vezes juntos. Que a ideia de sacralidade ordinária é um tema importante de religiões da Nova Era e de algumas artes da performance.
Que podem ser identificados sete temas-chave para serem explorados nos estudos da performance:

  1. ritual como ações, como performances;
  2. similaridades e diferenças de rituais humanos e animais;
  3. rituais como performances liminares, tomando posições intermediárias nas transições de estágios da vida e de identidades sociais;
  4. o processo ritual;
  5. dramas sociais;
  6. a relação entre ritual e teatro em termos da díade eficácia-entretenimento;
  7. as “origens” da performance em ritual, ou não?
 Em suas pesquisas, Schechner revisitou a estrutura de três fases da ação ritual elaborada por Van Gennep: a preliminar, a liminar e a pós-liminar. A fase liminar fascinou Turner porque nela reconheceu uma possibilidade criativa para o ritual, podendo abrir caminho  para novas situações, identidades e realidades sociais. (SCHECHNER). Destacamos que Victor Turner desenvolveu uma teoria de ritual a partir do pensamento de Van Gennep, que tem grande importância para os estudos da performance.

O limen, que seria um espaço nem dentro nem fora, como um portal, ele nos diz que em performances rituais e estéticas, esse espaço sutil é expandido em um amplo espaço, de forma real, bem como conceitual.

Para Peter Brook, a maioria dos palcos do mundo são espaços vazios. Então podemos dizer que: Um espaço de teatro vazio é liminar, aberto a todos os tipos de possibilidades – espaço que , por meio da performance, poderia tornar-se qualquer lugar. (SCHECHNER)

O texto fala ainda do conceito de “liminoide, antiestrutura, communitas e communitas espontânea”.
Ele coloca, também que o ato de entrar no ‘espaço sagrado’ já traz um impacto sobre os participantes, e que comportamento especiais são necessários.

O Totem traz esse comportamento ritualístico de penetrar no espaço, como uma constante e um pilar na sua trajetória. Sempre pensando em como trazer o público para esse espaço sagrado. E como os performers adentram neste espaço físico, simbólico, sagrado, no universo criado.

Além do estudo do livro continuamos com o mapeamento dos rituais dos povos indígenas de Pernambuco. Fizemos o levantamento de alguns lugares cujo acervo iconográfico e documental podia nós interessar como o CIMI, o REMDIPE-UFPE, o NEPE-UFPE, a FUNDAJ. A partir do mapeamento, decidimos por um ritual Pankararu, O Menino do Rancho, que aconteceria nos dias 15 e 16 de agosto, sendo o mesmo, o primeiro ritual a ser estudado in loco. Entramos em contato com o Povo Pankararu, na pessoa de Bia Pankararu, e começamos a organizar a nossa primeira residência/vivência do projeto.  Cuja experiência será compartilhada na nossa próxima postagem sobre o projeto.


Rito Ancestral Corpo Contemporâneo – Grupo Totem

Rito Ancestral Corpo Contemporâneo – Grupo Totem

Pesquisa incentivada pelo Funcultura-PE


O Totem iniciou oficialmente a pesquisa Rito Ancestral Corpo Cotidiano em de junho/2015. O Grupo está ocupando uma sala no Centro de Cultura Luiz Freire, localizado na Rua 27 de Janeiro, 181, Carmo Olinda.

O foco da pesquisa são rituais povos indígenas de Pernambuco. Também estamos buscando referências nas instituições como CIMI, UFPE e o CCFL, que mantém trabalhos com povos indígenas e possuem rico acervo bibliográfico como também em vídeo sobre os povos indígenas de Pernambuco.

Em junho também iniciamos o mapeamento dos referidos povos e seus rituais, a fim de selecionarmos aqueles que viriam a fazer parte da pesquisa. Nosso foco recai, por enquanto, no povo Pankararu, no povo Xucuru e no povo Fulni-ô, podendo haver alguma mudança.

Para esse primeiro momento da pesquisa, o grupo iniciou os estudos teóricos, começando pelo livro “Antonin Artaud Teatro Ritual” do Cassiano Sydow Quilici,

O Totem tem Antonin Artaud como um ‘guia espiritual’, nada mais comum que começar a pesquisa estudando-o, nesse caso, através da leitura e discussão do livro do Cassiano, que realizou um estudo belíssimo da proposta teatral de Artaud. Ele que gritava aos quatro ventos que o teatro deveria voltar a ser ritual e mágico, um teatro capaz de tirar o público da letargia, de transformar a vida dos atores e da plateia. O caminho para a realização desse teatro seria a reaproximação do teatro aos ritos, e o consequente afastamento das verdades absolutas, dos conceitos sobre o que é o teatro. Artaud desejava que o teatro encontrasse um novo impulso criador, renovador, revitalizante.

      Cassiano Sydow afirma “Em Artaud, observamos um movimento de afirmação do sentido sagrado do ritual, que deverá por sua vez, contaminar o fazer teatral. Ele se referirá diversas vezes à necessidade de reaproximação entre o teatro e os rituais primitivos, enfatizando o caráter mágico e religioso que deveria ser recriado pelas artes cênicas”. (p. 37).

Nossa pesquisa se voltará principalmente para a seguinte dualidade, ou seja, descobrir qual o ‘lugar’ que esses rituais ancestrais encontra nesse corpo contemporâneo, e qual o ‘lugar’ desse corpo contemporâneo nesses rituais ancestrais?


Nos meses de outubro e dezembro o Totem irá realizar duas demonstrações de trabalho em locais públicos, ainda a serem escolhidos, nos quais demostraremos com nossa poética o desenvolvimento da pesquisa e seus desdobramentos.

II Mostra de Performance Corpo Ritual - Grupo Totem



II Mostra de Performance Corpo Ritual 

Grupo Totem

(produção/coordenação)



A Oficina Corpo Ritual coordenada pelo Grupo Totem, será encerrada neste sábado 08 de agosto com a II Mostra de Performance Corpo Ritual, a partir da 18h no Centro de Cultura Luiz Freire em Olinda.

A Oficina Corpo Ritual existe desde 2013, focada na pesquisa de linguagem desenvolvida pelo Totem há 27 anos, buscando abrir possibilidades para o sujeito se (re)significar, de experimentar identidades, de fazer despertar com intensidade forças vitais, evidenciando o caráter indissociável arte x vida. A Oficina Corpo Ritual privilegia conceitos como presença, persona, estado, campo mítico, ato-ritual e sacralização com um foco especial na ritualidade e encarando a performance como o ritual contemporâneo. No transcorrer da oficina foram experimentadas práticas performáticas em interfaces com outras linguagens artísticas, mergulhando num tempo-espaço mítico-arquetípico. Nos laboratórios-ritos preliminares, os participantes foram estimulados a tomar o corpo como motor da obra, colocando-se no centro do processo criador e deixando emergir ‘personas’ ligadas às suas mitologias pessoais, à memória e ao devir, proporcionando a criação de performances-liminares impregnadas de autopoiesis. Nesse processo os arquétipos e mitos se manifestam nas ‘personas’ levantadas pelo performer, contextualizado e performado dentro de um texto performativo.

Na primeira edição da Oficina Corpo Ritual (2013), se buscou criar fotoperformances, as performances foram apresentadas ao ar livre, para serem capturadas e eternizadas pelos fotógrafos. Os resultados dessa experiência compõem a exposição Corpo Ritual, que já passou pela VII Semana de Cênicas da UFPE, a XV Mostra de Artes Cênicas A Porta Aberta-Recife/EMAJP, no Pequeno Encontro de Fotografia de 2014-Olinda e da Mostra “Corpos Ausentes” do III Circuito BodeArte de Performances, Natal/RN. Já a 2ª edição a Oficina Corpo Ritual (2014), resultou na 1ª Mostra de Performances Corpo Ritual, apresentada no Espaço O Poste, no Recife.

Nesta terceira edição dentre as performances desenvolvidas pelos participantes podemos citar alguns nomes como Danielle Paes Leme, que desenvolveu sua performance a partir do arquétipo da mulher selvagem em toda sua força e mistério, na aceitação da morte daquilo que precisa partir, refletindo sobre a vida-morte-vida. Já a performer Vi Laraia desenvolveu sua performance a partir do arquétipo da árvore, que em muitas culturas representa a estrutura do universo, com os galhos voltados para o cosmos, as flores, os frutos e as sementes que são propriedades do eterno, e as raízes que representam os aspectos primitivos da vida. Essas duas performances ainda não tem nomes. Já Priscila Lins fez emergir a persona de uma feiticeira, “Chacrona”, um elo de ligação entre o sagrado feminino e a força do sobrenatural. A lua é seu guia, quando desperta dança, quando sangra deixa um rastro de flores pelo caminho. 

No total serão apresentadas quinze performances de Anaterra Veloso, Aryella Lira, André Alencar, Amanda Garcia, Artur Maia, Adriana Cirilo, Breno Correa, Danielle Paes Leme, Felipe Espíndola, Giulia Galindo, Lucas Mariz, Mergulha Evoa, Makeda Siphiwe, Priscila Lins e Vi Laraia. 
A Mostra de Performance Corpo Ritual é totalmente independente, o público poderá contribuir com uma colaboração espontânea. 

Mostra de Performance Corpo Ritual - Coordenação Grupo Totem
Sábado 08 de agosto de 2015
Centro de Cultura Luiz Freire – R. 27 de Janeiro, 181 – Carmo – Olinda PE.

Oficina CORPO RITUAL – Ano 3 – Grupo Totem


Oficina CORPO RITUAL – Ano 3 – Grupo Totem

O Totem leva a Oficina Corpo Ritual para Olinda no Centro de Cultura Luiz Freire




A Oficina CORPO RITUAL é realizada desde 2013, baseada na pesquisa desenvolvida pelo Totem há mais de duas décadas, na qual o grupo congrega técnicas da performance, da dança, do teatro.  A oficina contém práticas performáticas em interfaces com outras linguagens artísticas, a fim de adentrar um tempo-espaço-mítico-arquetípico e desenvolver performances-liminares voltadas para a autopoiesis, a mitologia pessoal e a ritualidade. Para isso o corpo é tomado como motor da obra ativando os fluxos corpóreos, e as interações cosmológicas, ritualizando as mitologias pessoais fazendo emergir o eu-ritual. No final do processo será realizada a 2ª Mostra Corpo Ritual com as performances criadas durante a oficina.

Serão oferecidas apenas 15 vagas.

Público alvo: maiores de 18 anos interessados em artes do corpo

Ministrantes: Fred Nascimento, Lau Veríssimo, Gabriela Holanda, Inaê Veríssimo, Gabi Cabral, Juliana Nardin, Taína Veríssimo e Tatiana Pedrosa

1ª semana
Quinta-feira 30 e sexta-feira 31 de julho das 19h às 22h
Sábado 1 de agosto 14h às 20h
2ª semana
Dias 06 e 07 de agosto das 19h às 22h
Sábado 08 de agosto das 14h às 22h – inclui a 2ª Mostra de Performances Corpo Ritual

Investimento: 240,00 (em duas vezes via depósito bancário)
Local: Centro de Cultura Luiz Freire – Rua 27 de Janeiro, 181 – Carmo (Cidade Alta), Olinda – PE.

Inscrições e outras informações: grupototem@hotmail.com; fone: 98818-42733 (Gabi)
99873-8224(Juliana).

Página do evento
https://www.facebook.com/events/106902776320003/

Ficha de inscrição: https://docs.google.com/forms/d/1jhvmB3cYZNmuMl9DmbyaaPbbBzyQKlgvT00eh1wNJyQ/viewform

Depósitos:
Banco do Brasil 
Ag. 0007-8
C Poupança. 549.679-9 Variação 51
Favorecida: Laudiene V. Nascimento. 





Grupo Totem coordena em Recife a III MOSTRA IP - Mostra Nacional de Vídeos Intervenções e Performances


Grupo Totem coordena em Recife a III MOSTRA IP  - Mostra Nacional de Vídeos Intervenções e Performances

Mostra acontece em 29 cidades do País

Uma iniativa do Coletivo Camaradas - Programa Nacional de Interferência Ambiental – PIA - Laboratório de Estudos, Vivências e Experimentos em Arte Contemporânea – LEVE - Centro de Cultura e Arte da União Nacional de Estudantes - CUCA/UNE



III MOSTRA IP DE VÍDEOS INTERVENÇÕES E PERFORMANCES – NÚCLEO RECIFE
Recife é uma das sedes da terceira edição da Mostra Nacional de Vídeos Intervenções e Performances – MOSTRA IP realizada pelo Coletivo Camaradas, em parceria com o Programa Nacional de Interferência Ambiental – PIA, Laboratório de Estudos, Vivências e Experimentos em Arte Contemporânea – LEVE, e o Centro de Cultura e Arte da União Nacional de Estudantes - CUCA, acontecerá no período de 08 a 11 de abril deste ano, em 29 cidades de 14 estados brasileiros.
Em Recife a III MOSTRA IP esta sob a coordenação do Grupo Totem, com o apoio da Escola Municipal de Arte João Pernambuco – EMAJP, assim como da Universidade Católica de Pernambuco – UNICAP, o apoio das duas instituições foi determinante para a realização da Mostra, que é realizada apenas com capital social dos grupos e coletivos de artistas.

Performance Rabunzel de El MariaFoto Fred nascimento - Vídeo Camilla Rocha
A novidade deste ano é a criação de uma rede colaborativa de coletivos e grupos que atuam no campo da performance e da intervenção, o que favorecerá que a III MOSTRA IP seja realizada em outras cidades. Em cada cidade, os Coletivos e Grupos que irão coordenar o evento estão articulando com instituições, professores, pesquisadores e outros grupos a fim de realizar a Mostra. Uma das características da MOSTRA IP é ser realizada em Escolas do Ensino Médio, Universidades e espaços públicos como forma de atingir um público que muitas vezes esta fora do circuito oficial das artes. 

Performance Renascentia Escarlate - Grupo Totem
Foto Fernando Figueiroa - Vídeo Fernando Figueiroa

Foram selecionados 66 trabalhos que serão exibidos nas 29 cidades que estão sediando o evento, de Pernambuco foram selecionados os vídeos “Silência” performance do Grupo Totem por Irma Brown, “Renascentia Escarlate” também uma performance do Grupo Totem por Fernando Figueiroa, “Rabonzel” performance de El Maria por Camilla Rocha e “Rito” do Coletivo Artístico de Liberdade Estética – DALE.

Algumas das cidades que participam da Mostra IP com seus respectivos coletivos ou grupos coordenadores são Crato (Coletivo Camaradas), Fortaleza (Coletivo Descabelo), São Paulo (Sensório Cena), Salvador (Inquietação e Movimento), Maceió (SeR(ão) Performático), entre muitas outras.

Performance Silência - Grupo Totem
Foto Claudia Rangel - Vídeo Irma Brown

Vídeos que comporão a III Mostra IP em Recife

Silência – Totem – Recife – PE
Renascentia Escarlate – Totem – Recife – PE
Rabunzel – El Maria – Recife – PE
Rito – Col. Artístico de Liberdade Estética – Recife – PE
Love Crato - Amor Experimental - São Paulo – SP
Sinal Aberto - Coletivo Descabelo – Fortaleza –CE
Pachamama - Natália Coehl -São Paulo –SP
Rotas Alteradas - Angella Conte - São Paulo – SP
Oxe - Coletivo Camaradas – Crato – CE
O Botão da Rosa - Coletivo Nozes – Salvador – BA
Passado - Marcela Antunes - Rio de Janeiro – RJ
Tentáculos - Daniel Guerra – Salvador – BA
Do pó ao pó - Júnior Pimenta - Fortaleza - CE
Vo(l)to Ogiva Ação  -  Imagem - São Paulo – SP

cor.po   - Flavio Barollo - São Paulo – SP


PROGRAMA:
Quarta-feira 08 de abril – 18h
Escola Municipal de Arte João Pernambuco – EMAJP
Mostra de vídeos
Conversando sobre performance com Taína Veríssimo

Quinta-feira 09 de abril – 18h
Escola Municipal de Arte João Pernambuco – EMAJP
Mostra de vídeos
Conversa sobre performance com Juliana Nardin

Sexta-feira 10 de abril – 19h
Universidade Católica de Pernambuco - Unicap – Bloco G4 – Sala 602
Performance  com Lucas De Valois e Higor Tenório, a partir do Manifesto do Artista de Marina Abramovic - Direção de Patrícia Barreto.
Palestra “Panorama da Performance em Pernambuco” com Fred Nascimento, seguida de Roda de Conversa com Daniel Santiago, Júnior Aguiar e Izidório Cavalcanti, mediação de Alexandre Figueiroa.

Informações: 86393787 (Fred Nascimento); 86619395 (Juliana Nardin); 87324678 (Taína Veríssimo) – grupototem@hotmail.com
Unicap - Rua do Príncipe, 526 - Boa Vista, Recife - PE
EMAJP
 - Rua Barão de Muribeca, 116 - Várzea, Recife - PE
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